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Recursos Humanos nos negócios digitais

Almoçava há dias com um amigo e profissional da área tecnológica, que me salientava a importância da tecnologia para o sucesso do negócio digital. Os ganhos de produtividade e a eficiência nos processos eram os seus principais argumentos. E de facto, genericamente falando, concordei (não estávamos a analisar nenhuma plataforma tecnológica em concreto, apenas a partilhar visões, interesses e perspectivas sobre tendências futuras).

Mas de seguida, e neste puro debate de ideias, a nossa conversa levou-nos a outra conclusão: afinal, mais importante do que a tecnologia, são os Recursos Humanos envolvidos nos projectos, pois são estes que conseguem realmente fazer a diferença e utilizar de forma eficaz a mesma tecnologia que está ao dispor de todos.

JackWelchSabemos que os recursos humanos são a essência de qualquer negócio. Aquele que ainda é considerado por muitos o melhor CEO de todos os tempos, Jack Welch, na sua passagem por Lisboa em 2006, sublinhou a importância do factor humano na gestão e a necessidade de procurar talento, treiná-lo e desenvolvê-lo. E no seu caso, assumiu que o seu braço direito era o director de recursos humanos e revelou que o segredo do sucesso de qualquer empresa, é manter os colaboradores motivados, os clientes satisfeitos e garantir resultados para os accionistas.  A fórmula até parece “simples” e eficaz!!!

A questão é:

-Porque é que a maior parte das empresas não a consegue aplicar? Porque não é simples como parece. É que para fazer a “poção mágica” são precisos muitos ingredientes e temperos especiais para cada caso.

Isto leva-me inevitavelmente a colocar outra questão: – Porque é que na indústria e nos negócios digitais, os recursos humanos são ainda mais um factor diferenciador? À partida a resposta é evidente, ou seja, porque há uma necessidade de entender algo que é novo. E isso, só é possível com pessoas que tenham uma forte percepção dos Media, da sua evolução ao longo dos tempos e uma elevada componente de cultura digital no seu DNA.

Jerry Yang, o co-fundador do Yahoo! escreveu em 2000:

Sem acções responsáveis, este meio (Internet) pode desaparecer tão rápido como apareceu.  O futuro da Net depende das pessoas tanto quanto depende da tecnologia.

SteveJobsPassados oito anos, o debate já não é a sobrevivência da Internet, mas sim a sobrevivência de alguns projectos em detrimento de outros.  E a verdade é que se analisarmos as empresas que mais sucesso têm tido na área digital, o factor humano é perfeitamente identificável e até mesmo destacável.

Os lideres dessas empresas entenderam o potencial da Internet como meio e têm, no seu “algoritmo de raciocínio mental”, a lógica dos negócios digitais sempre presente.

A provar isso mesmo, o que mais se destaca é Steve Jobs da Apple, que independentemente das críticas ou dos elogios, tem na sua génese, o factor “digital” completamente embrenhado desde os primeiros “chips”. Jobs entende os Media, a comunicação (conseguiu inventar e reinventar a marca Apple tornando-a uma “love brand”) e obrigou-nos a “pensar diferente” (que se relevou uma atitude, mais do que um slogan).

O assimilar do conhecimento dos vários negócios digitais, desde os computadores até à indústria cinematográfica (Pixar), passando pela Internet e pelos Media, é hoje bem visível na estratégia da Apple.

Há quem afirme que Steve Jobs representa 20% do valor da Apple. E é bem possível que seja verdade, a avaliar pelo impacto do rumor de 3 de Outubro, quando as acções da Apple desceram 10% após t

er circulado a informação que Jobs tinha sido vítima de um ataque cardíaco, voltando a recuperar imediatamente depois do desmentido oficial da Apple (ver gráfico).

O “sobe e desce”, as eternas interrogações sobre o futuro e o valor das pessoas nas empresas não são mais do que sinais de viragem da nossa sociedade. Nem todas as gerações tiveram o privilégio de atravessar uma.

Até agora, a que tinha causado maior impacto foi a “descoberta” da electricidade, com todas as alterações que se seguiram na vida das pessoas, das empresas e da sociedade. E, mais uma vez, se não fosse o talento de Edison, quem sabe se estaríamos ainda todos “às escuras”?

Nestes tempos de viragem, sinto-me um privilegiado por estar envolvido e a assistir a estes momentos da História da Humanidade e ao “pulsar diário” desta Revolução Digital, ainda apenas no início.

Para terminar fica um video sobre (a verdade da) motivação de recursos humanos, uma animação inspirada no livro:  Drive: The surprising truth about what motivates us

Nota: Artigo publicado no jornal Meios & Publicidade de 7/11/2008

  1. Os Media na encruzilhada entre a crise e a revolução digital - SuperToast
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  2. Os “casamentos” nas TMT « Cibertransistor.com
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  3. Um comentário fora do tempo mas ainda a tempo… Bom artigo Nuno, Parabens

  4. Os Media na encruzilhada entre a crise e a revolução digital « Cibertransistor.com
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  5. Nuno, muitos parabens e obrigada por partilhares esta visão dos Recursos Humanos. Ainda que em Portugal haja um percurso lento a percorrer, felizmente que nós profissionais de RH, assistimos cada vez mais à crescente preocupação por parte das empresas no papel dos seus colaboradores nas suas organizações. Há uns anos os RH eram meros departamentos de pessoal, muitas vezes inseridos numa área de contabilidade da direcção financeira e onde apenas se processavam salários. Hoje em dia, o papel dos RH enquanto área é muito mais que isso! A gestão das pessoas, a motivação e a formação, também em novas tecnologias, e a envolvente do capital humano no negócio empresarial, cada vez mais dão cartas e fazem as empresas evoluir. Um gestor de recursos humanos é sem dúvida um parceiro do negócio que envolve e fomenta a dinâmica interna e activa os recursos que gere.

  6. …e Parabéns por contribuires activamente para “estes momentos da História da Humanidade e ao “pulsar diário” desta Revolução Digital, ainda apenas no início.” : )

    Sem dúvida, a tecnologia de pouco serve se não tivermos pessoas para as usar e aproveitar!

    …e Continuação de bons artigos!

  7. Concordo Nuno e vou um pouco mais além no que toca ao futuro…

    A tendência da técnologia é ser cada vez mais standartizada, por isso o acesso ao “state of the art” é cada vez mais geral, já que as futuras gerações sempre tiveram um computador com internet a substituir os dicionários e as enciclopédias dos velhos tempos (por velhos tempos entenda-se – sem internet, ou seja, idade da pedra, quando a informação estava apenas acessível para alguns).

    Vou um pouco mais longe na medida em que temos exemplos de ideias que se baseiam em tecnologias banais e até mesmo ultrapassadas, em que o conceito (claramente resultado da genialidade humana) é 100% inovador e eficaz.

    Exemplo será o do jovem Norte-americano que como projecto da cadeira de economia, “decidiu” fazer um milhão de dólares com uma página de html de um milhão de pixéis de área, e vendeu cada um por um dólar.

    Simples, básico e exequível por qq um com uma ligação à internet e conta bancária…

    Portanto em última análise, no futuro, serão as pessoas, que trazem cada vez mais “DNA digital” no seu código genético, que nos mostrarão novas formas de gerar receitas com a Internet.

  8. Nuno, é meter o dedo na ferida. É dos livros que o factor humano é um dos mais importantes em qualquer organização, no entanto, vá se lá saber porque, em muitas situações é relegado para um 2º plano.

  9. Nuno, excelente abordagem. Na realidade, as empresas são pessoas, e são elas que fazem a diferença nos atributos que criam à sua volta, seja no valor de uma marca, na estratégia de um negócio, ou num simples pensamento capaz de mover multidões.

    É neste espírito que assenta a assinatura corporativa do projecto a que estou ligado: The Human Side of Technology…

  10. Parabéns, Nuno. Leio sempre com interesse os teus artigos. Embora evidentemente, uns mais que outros. Este sem dúvida faz o clique, pois este elemento humano é muitas vezes (senão mesmo demasiadas) posto de parte, quando na realidade é o elo fundamental e a peça chave na engrenagem. Ainda bem que há quem se lembre! Ou melhor, que nos faça lembrar!

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