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A inovação que faz a diferença

Melhorar a eficácia e os resultados das empresas no momento de incerteza que vivemos, foi um dos temas abordados por Ram Charan, considerado um dos gurus da gestão actual, numa breve passagem por Lisboa, para participar numa conferência promovida pela Jason Associates e pelo Banco Barclays.
Uma das medidas que Charan apontou como essencial, foi a necessidade de reforçar o factor inovação nas empresas. Este é também o tema que aborda no capítulo 6 do seu mais recente livro – “Leadership In The Era Of Economic Incertainity“.

LEADERSHIP IN THE ERA OF ECONOMIC UNCERTAINTYPoucos dias depois, mais uma passagem em Lisboa, desta vez de David Plouffe, o director de campanha de Barack Obama. Numa conferência realizada na Universidade Católica e promovida pela agência de comunicação Cunha Vaz, Plouffe falou dos factores que levaram à eleição do novo presidente dos Estados Unidos.
Teria valido a pena juntar as duas conferências, pois muitas das recomendações que Ram Charan deixou aos gestores portugueses, são facilmente identificadas na estratégia de campanha de Barack Obama (perfil no Linkedin), com especial foco na inovação que foi o factor diferenciador da estratégia eleitoral.

Os novos modelos de gestão referidos por Ram Charan, não são mais do que o caso prático, aplicado à política,  que David Plouffe apresentou.

Por coincidência, ou talvez não, a revista Fast Company do mês de Março tem como destaque as 50 empresas mais inovadoras, e o primeiro lugar foi atríbuido à “Equipa Obama” que foi avaliada como uma “start up” com início de actividade em Fevereiro de 2007, quando Obama oficializou a sua candidatura e lançou o site de rede social MyBO – MyBarackObama.com.

Desde o seu lançamento, registaram-se mais de 2 milhões de utilizadores, criaram-se 35 mil grupos de voluntários, planearam-se e divulgaram-se 200 mil eventos.

A “Equipa Obama” apostou na tecnologia para comunicar com os eleitores pela rapidez e eficácia que o meio permite a baixos custos.

David Plouffe não escondeu que a Internet serviu para criar “organizações de base”, permitiu aproximar os cidadãos da política, de um projecto no qual muitos se reviram e para o qual muitos contribuíram com trabalho voluntário e dinheiro (quase 1 bilião de dólares em donativos).

Apesar de muitos referirem que foi a Internet que elegeu Barack Obama, David Plouffle prefere afirmar que a eleição do novo presidente só foi possível por “conseguir passar uma mensagem consistente”. Na realidade, a Internet foi apenas o meio escolhido desde a primeira hora, por ser poderosíssimo e por estar assente numa comunicação em rede (de cada pessoa para com os seus amigos e colegas). Este foi o efeito viral/social que a “Equipa Obama” quis e soube utilizar para fazer passar a dita “mensagem consistente”, para se defender dos adversários, para esclarecer os eleitores e para receber feedback sobre o que se estava a passar no terreno.

A gestão nas empresas e na política não são diferentes. Se pudéssemos sentar à mesma mesa Ram Charan e David Plouffe, estou certo que teriam muitos pontos em comum, porque está cada vez mais provada que na vida, na política ou nas empresas, a inovação (certa) somada a uma mensagem consistente antecipa resultados positivos.

Nota: Artigo publicado no jornal Meios & Publicidade de 09/04/2009

  1. Alterações no Modelo de Negócio dos Media « Cibertransistor.com
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  2. Recentemente tive a oportunidade de estar com David Plouffe em Washington como também com a Blue State Digital (a empresa por detrás da tecnologia ‘Obama’). Uma das lições obtidas foi que a mensagem consistente é só meia verdade do sucesso – a outra metade foca na qualidade da própria mensagem. Concordo contudo com o que o Armando Alves comenta relativamente à consistência das próximas eleições. A política praticamente em todo o mundo ocidental é muito mais reactiva (aos media, à opinião pública, à pressão dos partidos concorrentes) do que pro-activa, defendendo os seus princípios como partido e visão para o país. É interessante verificar que na vária literatura disponível, o próprio Obama enfrentou imensas resistências internas por manter o seu discurso coerente, desde o primeiro momento até à vitória.

    Supreendeu-me no entanto que ao contrário do que esperariamos, os EUA eram particularmente clássicos face a uma abordagem da política na exploração dos meios digitais. É também verdade que Obama não foi o primeiro a explorar as redes online, mas mais uma vez a história demonstrou que não bastou só a tecnologia quando a mensagem transmitida foi deficiente.

    A mensagem de Obama focava na mudança e na esperança. Estas duas posições chave, juntas com a inversão do fluxo tradicional onde existe um emissor (candidato) e vários receptores (eleitores), para um modelo bidireccional, elevou ao expoente máximo a participação de todos e eleição deste candidato. Mais uma vez, a tecnologia foi só o meio para atingir este fim. Nada mais.

    A nível empresarial acredito que também temos de repensar a nossa estratégia, no entanto num espaço tão competitivo conseguiremos manter a nossa mensagem assim tão consistente e poderosa ao longo do tempo?Acredito que sim. Mas temos de trabalhar para isso e acreditar que nós próprios podemos mudar.

  3. Em tempos que as acções tácticas são o dia-a-dia, parece-me dificil manter a consistência que marca o discurso do D. Plouffe. Na mensagem, na estratégia, nos comportamentos.

    Vai ser interessante ver em ano de eleições como os partidos vão reciclar as lições do Obama. Para já começam fraquito: em 2007, 1 ano antes das primárias, o Obama fazia uso intensivo da Web. Consistência só se obtém com longevidade, pelo que prevejo que as campanhas que se avizinham tenham tudo menos consistência.

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