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6 regras que as grandes organizações podem aprender com a Microsoft

Durante os últimos anos, a gigante de Redmont trabalhou arduamente para atingir aquilo que pode ser uma das transformações digitais mais bem-sucedidas da história. O ‘regresso’ da Microsoft traz uma nova esperança para as empresas tradicionais que procuram reinventar-se na nova economia, provando-lhes que a guerra contra os GAFA (Google, Apple, Facebook e Amazon) e os unicórnios não está perdida.

Aqui ficam seis regras que acreditamos que as grandes organizações podem aprender com o exemplo da Microsoft para apimentar a sua receita de transformação digital.

Regra #1: Não ter medo de desistir daquilo em que estamos habituados a trabalhar

Durante a última década, considerou-se que a Microsoft estava atrasada em relação à concorrência de Silicon Valley.

Depois de dominar o mercado durante os anos de 1990 (em 2000, os sistemas operativos da Microsoft estavam presentes em 97% dos dispositivos de computação, de acordo com a Goldman Sachs), a antiga pioneira desenvolveu todos os indicadores de um candidato à disrupção:

  •  Tornou-se mais focada em gerar a maior receita possível através do seu core business em declínio ao invés de avançar para um negócio mais arriscado: o que se traduziu numa quantia avultada – as vendas aumentaram quase 12% para 86 mil milhões de dólares no último ano.
  •  Tentou fidelizar os utilizadores aos seus produtos ao recusar-se a trabalhar com concorrentes. “Quem quer utilizar a Microsoft tem de comprar-nos tudo”, afirmou Steve Ballmer (ex-CEO da Microsoft).
  •  Lançou uma série de produtos de hardware semelhantes aos da concorrência, esperando que os clientes fidelizados os adoptassem.

O que era suposto acontecer… aconteceu.

No final dos anos 90, o primeiro “soco”: O Windows deixa de ser a plataforma de desenvolvimento líder com o nascimento da Web e do Google.

Finais dos anos 2000, foi ao “tapete”: À medida que os utilizadores migraram, a nível global, para o mobile, Google e Apple ultrapassaram rapidamente a Microsoft. A empresa falhou a oportunidade de acompanhar o crescimento do mobile, sendo que neste momento representa, estima-se, uma quota de mercado global dos sistemas operativos para smartphones de 4%.

A consequência foi ter desistido do Windows Phone. Será este um exemplo da fraqueza da Microsoft? Na FABERNOVEL, acreditamos que este é o sinal mais promissor do seu renascimento.

Regra #2: Definir uma visão nova, radical e transformadora

Steve Ballmer costumava descrever a Microsoft como uma empresa de dispositivos e serviços. O seu sucessor, Satya Nadella, considerou que a Microsoft era capaz de trabalhar em qualquer plataforma – mesma naquelas que são controladas pela concorrência – de forma a ajudar as pessoas a serem mais produtivas.

A Microsoft investiu os últimos dois anos a afirmar-se na área mobile a desenvolver aplicações para as plataformas dos concorrentes.  O objetivo é construir uma base de utilizadores do software Windows e Office em todos os dispositivos – incluindo iPhones, iPads e smartphones com sistema operativo Android – como forma de levar a uma maior subscrição dos seu produtos baseados na cloud e atrair mais pessoas para o ecossistema da Microsoft.

Em Fevereiro de 2016, a Microsoft adquiriu a startup Xamarim, uma ferramenta que permite construir apps móveis transversais a todos os  sistemas operativos (iOS, Android e Windows). A Xamarim permite aos programadores utilizar uma linguagem única de programação e, assim, conceber uma app que parece nativa em cada uma das plataformas.

Regra #3: Manter os amigos perto e a concorrência ainda mais perto

Satya Nadella criou novas parcerias com empresas que a Microsoft considerava inimigas e despendeu tempo com startups de forma a aprender como é que os modelos de negócio inovadores funcionam.

A recente parceria entre a Microsoft e a Salesforce é particularmente surpreendente. Durante muito tempo, a Microsoft considerou esta empresa de cloud-computing como inimiga, tendo mesmo lançado a Dynamics CRM, um concorrente direto da Salesforce. No entanto, Nadella concluiu que muitos dos clientes da Salesforce também utilizavam o Office 365 e começou a avaliar a integração dos dois produtos. Na primeira metade de 2015, a Salesforce foi integrada no Office, SharePoint e OneDrive para Empresas para Android e iOS. A app da Salesforce para o Outlook também ficará disponível, seguindo-se as apps da Salesforce para telemóveis com sistema operativo Windows e Excel.

Regra #4: Quebrar silos e mudar para uma nova cultura colaborativa

Satya Nadella colocou a Cultura no centro da transformação da Microsoft, sendo esta o combustível que alimenta o seu motor, criando novas capacidades (design, engenharia) e novos conceitos.

“É necessária uma cultura que, fundamentalmente, não se oponha a novos conceitos e novas capacidades” – Satya Nadella, CEO da Microsoft

Símbolo: Nadella transformou a organização da sua empresa, dando poder aos executivos para trabalhar em divisões que antes eram silos. Além disso, estimulou os investigadores a colaborar de forma mais próxima com os engenheiros  de outros departamentos, de forma a ajuda-los a produzir produtos mais rapidamente. O lançamento do Skype Translator, da Microsoft, que traduz conversas multilinguísticas em tempo real, é um sucesso antecipado.

Regra #5: ‘Abrir’ os ativos e fazer crescer um ecossistema

A Microsoft fez algo que era impensável: utilizar o Linux para gerir algumas das suas próprias operações. Hoje, a Microsoft continua o seu percurso rumo a um futuro mais aberto.

Em Novembro de 2014, a Microsoft abriu completamente a .NET, a sua infraestrutura de programação para o desenvolvimento e funcionamento de aplicações e serviços.

Em Junho de 2015, esta empresa e alguns dos seus concorrentes, incluindo a Google e a Amazon, juntaram forças através do Open Container Project, uma organização sem fins lucrativos que está sob alçada da Fundação Linux.

Em Março de 2016, a Microsoft  planeou migrar também o Servidor SQL para o Linux, o que irá permitir a este servidor fornecer uma plataforma de dados consistente no Servidor Windows e Linux, na sua base e também na cloud.

Regra #6: Inovar fora da zona de conforto

Quando foi fundada, a ambição da Microsoft passava por dar vida a um computador pessoal presente em qualquer secretária, em qualquer casa.  Para as pessoas, naquela altura, usar pela primeira vez o Excel num PC, com um rato e um teclado foi uma experiência radicalmente disruptiva.

Atualmente, a Microsoft está novamente a fazer apostas ousadas na construção do futuro.

Hololens:

“O projeto HoloLens é extremamente ambicioso e é o primeiro grande teste à capacidade do novo CEO da Microsoft, Satya Nadella, de restaurar a reputação de longa duração da empresa em termos de inovação e criatividade. Mas o projeto HoloLens é, de longe, a aposta mais ousada – e mais arriscada – da Era de [Satya] Nadella. Não é um produto similar ao da concorrência, mas sim uma experiência verdadeiramente única. É também o tipo de projeto que só alguns, para além da Microsoft, iriam levar a cabo – um esforço generoso e plurianual que assenta numa grande investigação levada a cabo dentro da empresa, toda ela com o intuito de estender o alcance do Windows. Nadella acredita que o projeto HoloLens representa, simplesmente, a emergência da nova interface de computação”. – Jessi Hempel

A Microsoft quer construir o futuro com chatbots, conversação e inteligência artificial (IA) como interface.

Uma das grandes apostas do CEO Satya Nadella é numa IA que seja mais rápida, inteligente, amiga e útil. Na conferência de programadores, a 30 de março, a Microsoft expôs uma série de bots diferentes e programas que gerem tarefas através de interação conversacional.

A empresa resolveu, finalmente, o dilema de Clayton Christensen, alterando o foco das suas duas cash cows “Windows” e “Office” para uma estratégia mais ousada: promover a própria disrupção.

Ben Evans dá-nos o ponto de partida perfeito:

“As grandes empresas têm a equipa de estratégia alocada a definir o que fazer a seguir e em como fazê-lo, e nos seus orçamentos disponibilidade para contratar consultoras de estratégia por milhões de dólares para produzirem documentos com centenas de páginas com mais estratégias e formas de as concretizar. Estas pessoas têm pouco interesse em dizer ‘desistimos – não vai funcionar’ (talvez com receio que as empresas achem que não precisam de uma equipa de estratégia). Eu penso que, hoje, a Microsoft é um caso de estudo sobre quando se deve realmente desistir e sobre o que se deve fazer depois disso.”Benedict Evans.