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Tesla: software como extensão do produto

A personalização em massa de vários produtos/serviços é hoje possível graças ao software e o valor de utilidade da Tesla reside aqui: no facto de permitir uma atualização contínua do software para melhorar a experiência dos utilizadores. E isto introduz, naturalmente, mudanças na relação com a “propriedade”, uma vez que o valor intrínseco ao ativo, neste caso o veículo, tem muito menor propensão para decrescer e este tem sido um dos pontos fortes de marketing para a Tesla.

Recentemente, Elon Musk anunciou que todos os carros Tesla atualmente em produção (Model S, Model X e Model 3) vão integrar hardware que lhes permitirá tornarem-se completamente autónomos, fazendo da Tesla a primeira fabricante de automóveis a nível global a dar semelhante passo. Os veículos vão necessitar, contudo, de um update do software para ganhar tais capacidades, que ainda não se sabe quando estará disponível para o mercado de massas (2018, espera-se, a maioria dos veículos da Tesla na estrada já terão a capacidade de tornar-se totalmente autónomos). Mas, não há dúvida que as metas de Musk são mais ambiciosas: no final do próximo ano, a Tesla pretende atravessar os Estados Unidos (de Los Angeles a Nova Iorque) num veículo totalmente autónomo.

Se a Tesla fizer com sucesso este update em massa ao sistema Autopilot (atualmente em modo de condução semi-autónoma), com a sua frota de carros elétricos, totalmente autónomos e mais acessíveis (com preços abaixo dos 4o mil dólares), a empresa prepara-se para liderar o movimento de disrupção na área da mobilidade.

Os modelos da Tesla estarão equipados com 8 câmeras (visão 360º em torno do carro, captando imagens a uma distância de 250 metros), 12 sensores para detetar objetos, pessoas e animais e um renovado computador a bordo, com uma capacidade de processamento 40 vezes superior às gerações anteriores.

Serviço de ride-sharing a caminho?

A Tesla prepara-se também para lançar um serviço de ride-sharing no próximo ano, semelhante ao da Uber e Lyft. No início deste ano, Elon Musk desvendou o “Master Plan” da empresa, no qual incluiu um serviço de ride-sharing com carros autoguiados que poderia gerar receitas aos donos de carros Tesla. Com o hardware preparado para uma plena autonomia, na estratégia de Musk só falta atualizar o software para colocar em operação esta frota de veículos autoguiados para o serviço de ride-sharing.

Este representa, assim, um reposicionamento da Tesla em relação à “propriedade”, mas também uma ameaça à quota de mercado da Uber e da Lyft. A empresa de Elon Musk está, aliás, a impor restrições ao uso dos veículos feito pelos proprietários, tendo avisado que os veículos da marca só podem ser utilizados para ride-sharing sob alçada da rede Tesla, protegendo-se da concorrência (à semelhança dos conteúdos de media digitais, por exemplo, que não podem ser legalmente reproduzidos ou vendidos para gerar receitas).