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CEO Lydia

Cyril Chiche (Lydia): “Queremos oferecer uma interface perfeita para todos os serviços financeiros”

Lydia é uma App de pagamentos que funciona como uma carteira digital. Com mais de 1 milhão de utilizadores, a startup francesa inspirou-se na civilização Lídia, a primeira a utilizar moedas como método de pagamento (outrora instalada onde se encontra atualmente a Turquia) para criar a sua marca e o seu propósito: um novo método quotidiano de pagamento.

Acabada de entrar no mercado português, a aplicação permite transferir dinheiro para qualquer contacto da lista telefónica do telemóvel em 2 cliques e prepara-se brevemente para pagamentos no retalho através de QRcode.

O seu público-alvo é essencialmente jovem, tendo já fechado várias parcerias com universidades. Uma vez alcançada a massa crítica, esperam avançar para o retalho tradicional, como aconteceu em França com Franprix e com a Cdiscount. Com um crescimento cada vez mais acelerado, o objetivo até final de 2018 é captar 200 mil novos utilizadores nos 4 novos mercados onde opera (Reino Unido, Irlanda, Espanha e Portugal). Em entrevista ao SuperToast, Cyril Chiche, fundador e CEO da Lydia, aborda questões como a desmaterialização dos pagamentos, a experiência de utilização e realça a maturidade do mercado português.

SuperToast (ST): A Lydia é extremamente centrada na experiência do cliente e propõe-se levar os utilizadores a esquecer o dinheiro físico. Os utilizadores já estão preparados para esta transformação?

Cyril Chiche (CC): O cash está em vias de ser marginalizado, por todo o mundo. Isto é verdade na China, na Índia, em África, mas também na Europa e na América do Norte. As soluções como a Lydia são ferramentas que permitem, ou até catalisam, este fenómeno. A experiência do utilizador é, evidentemente, determinante porque trata-se de fazer evoluir hábitos ligados a um tema muito sensível: o dinheiro. A confiança é, por isso, a principal chave e a experiência é um fator profundo de confiança. Ou seja, a questão não é tanto saber se as pessoas estão preparadas, mas sim saber a que ritmo a sociedade vai virar. Na Lydia, constatamos uma aceleração muito forte do ritmo de abertura de contas, atualmente registam-se mais de 2000 novas contas por dia, é o dobro do ano passado.

(ST): Que evolução podemos esperar ao nível da desmaterialização dos pagamentos? Quando é que chegaremos ao nível da China, por exemplo?

(CC): A desmaterialização dos pagamentos é um tsunami e nós só estamos no início. A China, como outros países/regiões onde os sistemas instalados eram menos eficientes do que o dos cartões, ganharam muito avanço porque saltaram uma geração de meios de pagamentos. Provavelmente, nunca iremos alcançar, matematicamente, estes países em proporção, mas isso não quer dizer que os pagamentos desmaterializados, nomeadamente os mobile, não se tornarão também aqui a norma.

(ST): As parcerias estão no coração do vosso negócio (a network economy dos GAFA) e fizeram uma, muito recentemente, com o Apple Pay… Quais são as vantagens para a Lydia?
(CC): O objetivo da Lydia é oferecer aos europeus uma interface perfeita para todos os serviços financeiros do dia-a-dia, cujos pagamentos representam obviamemente uma grande fatia. Para consegui-lo, não podemos, evidentemente, reconstruir o sistema do zero e impo-lo ao mundo.

Desde o lançamento, temos trabalhado utilizando os sistemas existentes, agregando-os e organizando-os de forma a tirar o melhor partido de cada um deles, mas também intermediando-os de forma a ocultar a sua complexidade para o utilizador. Estas parcerias fazem-nos ganhar um tempo doido e permitem-nos, hoje, chegar finalmente a uma situação em que podemos sair de casa apenas com o telefone no bolso. Que grande mudança em 4 anos!

(ST): Depois do Reino Unido e da Irlanda, a Lydia instala-se agora em Portugal e em Espanha. Porque escolheram estes dois mercados? E quais serão os próximos países?

(CC): A demografia. São dois países em que uma grande parte da população estuda em escolas e em universidades e é, precisamente, aí que encontramos, por um lado, a maioria dos nossos utilizadores e, por outro, a nossa estratégia de entrada no mercado.

Para além disso, e apesar das crenças que têm os países do norte da Europa, estes dois países dispõem de sistemas de pagamentos desmaterializados muito avançados, como por exemplo, a Via Verde nas auto-estradas portuguesas. Estamos, por isso, a lidar com um mercado maduro.

(ST): Quais vão ser as próximas evoluções do vosso modelo de negócio?

(CC): A nossa base de utilizadores é muito importante e cresce muito rápido. No futuro, vamos começar a oferecer serviços adicionais pagos aos nossos utilizadores. Serviços que vão estar, evidentemente, alinhados com a filosofia da Lydia de ser uma interface do dia-a-dia, está fora de questão mudarmos de identidade.