Sim, tenho acções da Apple, para que fique claro que não é apenas o interesse de “geek” que me move na análise desta empresa.
Ontem, a Apple divulgou os resultados do seu quarto trimestre e do ano fiscal de 2011. Os analistas de Wall Street, como a História o tem provado, validam uma das falácias da Economia: os agentes não são racionais.
Também ontem, o meu amigo Fernando Alves (o grande poeta da Rádio), na sua crónica Sinais na TSF, sob o título “Ir aos mercados”, citou o sub-secretário do Governo Italiano Carlo Giovanardi:
A volatilidade dos mercados parece resultar do consumo de drogas. E admitiu a realização de testes para apurar se os operadores dos mercados se metem na coca e qual a sua influência nas subidas e descidas das acções.
E eu tendo a concordar, pois há algumas análises que me parecem ser feitas ao som da célebre música de de John Lenon – LSD (Lucy in the Sky with Diamons).
Agora que o enquadramento está feito, vamos aos números divulgados ontem pela Apple (os tais que ficaram “abaixo” das expectativas de Wall Street):
Análise de resultados no trimestre (Q4 Homólogo) – 2011 Vs 2010
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Dólares |
2011
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2010
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Variação
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Receitas (Mil Milhões) |
28.27
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20.343
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+ 38,97%
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Lucro (Mil Milhões) |
6.623
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4.308
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+ 53,74%
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Lucro por Acção |
7,13
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4,71
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+51,38%
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Acumulado do ano fiscal -2011 Vs 2010
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Dólares |
2011
|
2010
|
Variação
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Receitas (Mil Milhões) |
108.249
|
65.225
|
+65,96%
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Lucro (Mil Milhões) |
25.922
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14.013
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+ 84,99%
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Lucro por Acção |
27,68
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15,15
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+ 82,71%
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Todos os indicadores relevantes crescem, face ao homólogo no trimestre e no ano, a dois dígitos, o que numa empresa com a dimensão da Apple é impressionante.
Dispositivos vendidos no último trimestre:
iPhone: 17,1 milhões de unidades (versus 22 milhões face à expectativa), +21% face ao homólogo.
iPad: 11,1 milhões (versus 10 milhões esperados), +166% face ao homólogo.
Mac´s: 4,89 milhões (versus 4,5 milhões esperados), +26% face ao homólogo.
iPod´s: 6,62 milhões (versus 6,9 milhões), – 27% face ao homólogo.
Interessante é o facto, de o iPad ser já o segundo produto mais vendido da Apple e com uma performance na evolução das vendas muito superior ao iPhone.
Veja, o gráfico comparativo entre as vendas de iPhone e iPad nos primeiros seis trimestre desde o lançamento de cada um dos dispositivos:
Fonte: Business Insider
O que deixou alguns analistas “cegos” foi a venda de iPhones terem ficado abaixo da estimativa. São certamente os mesmos que penalizaram as acções das vendas quando foi apresentado o iPhone 4S (porque esperavam o iPhone 5) e não perceberam o produto (equipamento), software (iOS 5), preços e abordagem ao mercado.
O Wall Street Journal não resistiu e quis conhecer melhor Alex Guana – O “artista”… perdão, o analista de mercado que baixou o rating da Apple – leia aqui
Tendo por isso, a concordar com Carlo Giovanardi, que vale mesmo a pena fazer alguns testes para apurar se os operadores dos mercados se metem na coca e qual a influência do consumo na subidas e descidas das acções.
Estou certo, que a performance da Apple, continuará imune a estes “consumos” e pautar o desenvolvimento do seu negócio tendo em conta como sempre os seus consumidores (viciados) 🙂