
A batalha pelo futuro da internet
Todas as novas tecnologias começam como ideias interessantes e algumas transformam-se em inovações que são comercialmente viáveis. Mas, muitas vezes, pode levar imenso tempo. No caso dos carros, por exemplo, foram precisos 50 anos para que, de uma invenção interessante, chegassem ao mercado de massas – e é curioso que os carros elétricos tenham sido os primeiros a ganhar popularidade.
Se pensarmos no início da internet percebemos que a sua “espinha dorsal”, o TCP/IP (protocolo que permite a comunicação entre computadores), competiu com outros protocolos até vencer por ser o mais simples e fácil de implementar e também o mais escalável.
Na altura, enfrentou a concorrência de empresas de telecomunicações que queriam tornar a internet um ambiente fechado e controlado.
Mais tarde, nos anos ‘90, Tim Berners-Lee inventou a World Wide Web permitindo a partilha e acesso online a toda a informação que estava inacessível, até então, em hardware como disquetes. Rapidamente, surgiram browsers que tornaram a internet mais acessível e fácil de utilizar pelo público em geral.
O resto da história já nós sabemos, hoje tudo isto é muito evidente, mas muitos não perceberam o potencial da internet no seu início. Será assim com a Web 3.0?
Esta é uma das questões a que o realizador Torsten Hoffmann tenta responder no documentário Cryptopia: Bitcoin, Blockchains and the Future of the Internet (2020), disponível na Amazon Prime Video e também na Netflix.
Neste documentário Hoffmann entrevista não só algumas das personalidades mais relevantes do mundo das cripto, como também académicos e inventores, em busca de lições do passado para explorar o potencial das mais recentes invenções.
Considero este documentário um bom ponto de partida para perceber como funcionam as criptomoedas e o potencial da tecnologia que as suporta: a blockchain. Apesar de ter sido pensada para permitir uma descentralização, a blockchain está a ser vista por empresas, como a BMW, a Lufthansa e a Deutsche Telekom, como uma boa tecnologia para melhorar processos.
Torsten Hoffmann convida-nos também a olhar para a blockchain como uma forma de competição com as gigantes tecnológicas e numa perspetiva de liberdade de expressão. Por exemplo, depois de uma universidade chinesa silenciar uma aluna quando tentou denunciar um caso de assédio sexual, a estudante relatou a sua história e publicou-a na blockchain (pública) Ethereum, para que fique lá registada sem que ninguém a possa alterar.
Fica como sugestão este documentário revelador que nos abre a janela para o futuro da web.