
Entre aventuras e lutas de espadas dá para aprender matemática
Existem cerca de três mil milhões de jogadores de videojogos no mundo. Gradualmente, as tecnologias de videojogos estão a ser incorporadas no mundo real, em atividades do dia-a-dia. Há dentistas que estão a utilizar realidade aumentada para analisar as raízes dos dentes. Psicólogos ajudam pessoas a ultrapassar fobias com recurso a realidade virtual. Tudo isto pode significar que a indústria dos videojogos já não é apenas composta por jogadores, mas também e, cada vez mais, por todos nós.
Na era digital, os videojogos destacam-se como uma forma de entretenimento envolvente. Mas, e se pudéssemos ir além da diversão e explorar o potencial educacional destas experiências interativas?
Nesta TED Talk, Kris Alexander, atualmente conhecido como o “professor de videojogos”, partilha a história de quando, no último ano da universidade, foi apanhado a jogar Nintendo numa aula. E de como argumentou em sua defesa, repetindo as duas últimas frases do professor, palavra por palavra. Este episódio caricato, a sua paixão por videojogos e, por consequência, a sua jornada académica, levaram-no a uma conclusão: os videojogos têm o enorme potencial, não apenas de nos entreter, mas também de nos ensinar.
Uma das principais ideias que Alexander aborda é a natureza imersiva dos videojogos. Ao contrário dos ambientes educacionais tradicionais, os videojogos têm a capacidade de transportar os jogadores para mundos virtuais dinâmicos e interativos. Esta imersão melhora significativamente o processo de aprendizagem, ao aumentar os níveis de atenção e ao promover o envolvimento ativo e o pensamento crítico. Professores que utilizam tecnologias na sala de aula devem garantir que cada canal se complementa, se isso não acontecer os alunos vão ter sempre dificuldade em transferir a informação da memória operacional para a memória a longo prazo, uma vez que o som, o texto e a imagem estão a competir entre si pela atenção dos alunos.
Outro aspeto abordado por Alexander é o facto de os videojogos terem objetivos claros e bem definidos, através do conceito de níveis. Na maioria dos videojogos, os jogadores começam num nível básico e progridem gradualmente, realizando “missões” e adquirindo objetos, novas habilidades e/ou conhecimento. Este sistema de progressão, que combina feedback e recompensas instantâneas, cria uma maior sensação de realização e aumenta a motivação. Alexander sugere que a incorporação de mecanismos semelhantes nos sistemas educacionais pode não só aumentar o envolvimento dos alunos, como também incentivar uma aprendizagem contínua.
Além disso, os videojogos muitas vezes exigem que os jogadores resolvam problemas complexos, pensem estrategicamente e colaborem entre si. O desenvolvimento destas competências cognitivas é fundamental, uma vez que são altamente transferíveis para situações da vida cotidiana e podem promover a criatividade, a capacidade de resolução de problemas e o trabalho em equipa.
Game over às aulas monótonas e às apresentações aborrecidas! 👾
Alexander realça que a verdadeira magia dos videojogos está na narrativa. As histórias envolventes e os personagens cativantes, não apenas mantêm os jogadores interessados, como também servem como uma poderosa ferramenta de ensino. Ao integrar conceitos educacionais no enredo, os videojogos conseguem transmitir informações de maneira informal e envolvente.
A TED Talk de Kris Alexander ilumina a capacidade dos videojogos para revolucionar a maneira como aprendemos. Ao aproveitar a natureza imersiva, os mecanismos de progresso, os aspetos de resolução de problemas e as narrativas emocionantes dos videojogos, a educação pode tonar-se mais envolvente, interativa e eficaz. Adotar estratégias semelhantes às dos videojogos como ferramentas educativas tem o potencial de desbloquear novas possibilidades no domínio da aprendizagem e capacitar as gerações futuras para um mundo cada vez mais complexo e digital.