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Amazon: expansão global do serviço de streaming de vídeo

É cada vez mais claro que o consumo de televisão está a migrar para as plataformas online. Muitos operadores de telecomunicações temem esta mudança, assente na crescente tendência para a “Over the Top TV”, que provocará, do lado dos distribuidores e dos produtores de conteúdos, uma importante alteração na sua oferta e também no modelo de negócio de publicidade. E isto justifica a crescente tendência para a aquisição de empresas de Media por parte de operadores de telecomunicações, como forma destas captarem conteúdos exclusivos que lhes dão argumentos para competir com a oferta de “Over the Top TV” dos diferentes agregadores de conteúdos.

A Amazon é um dos players que tem feito um grande investimento em vídeo, nos últimos anos, sendo que o seu serviço de streaming Amazon Prime Video é apontado como o potencial quarto pilar da empresa liderada por Jeff Bezos (a seguir ao marketplace, Amazon Prime e Amazon Web Services).
Depois de testar 6 mercados (Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Áustria, Japão e Índia), a Amazon prepara-se para uma enorme expansão internacional do Amazon Video,  para 200 países, concorrendo de forma mais direta com o Netflix (Netflix foi lançado, no ano passado, em 130 novos mercados, chegando a mais de 190 países).

Tipicamente, a estratégia da gigante de e-commerce tem passado por uma adaptação a cada mercado internacional, contratando staff local e investindo em conteúdos originais regionalizados. No entanto, esta expansão coincide com a estreia do programa sobre automóveis “The Grand Tour”, um sucessor não-oficial do “Top Gear”, da BBC – o programa de factual tv mais visto do mundo, com mais de 350 milhões de espectadores em 212 territórios em 2015.

Durante a Code Conference, Jeff Bezos falou sobre o sucesso dos estúdios da Amazon, que estão a produzir conteúdos originais para o Prime Video, explicando que o negócio de media da empresa procura encorajar a adesão ao Amazon Prime.

Aposta nos conteúdos desportivos 

Sendo um operador de nova geração de múltiplos serviços online, é expetável que a  Amazon venha a permitir ao membros do Prime subscrever adicionalmente serviços como MLB ou NBA League Pass – à semelhança do que faz com serviços de vídeo como o Showtime, Seeso ou Starz -, tornando-se numa one-stop-shop para tudo o que se queira ver na TV.

A Amazon já está já, aliás, em conversações com representantes de ligas profissionais, incluindo a NBA, MBL, NFL e MLS, tendo em vindo a criação de um pacote de streaming para o Prime Video de conteúdos desportivos. Isto à medida que a competição entre gigantes digitais para aquisição deste tipo de conteúdos aquece: Amazon, Facebook e Twitter, por exemplo, estavam na disputa pelos direitos de transmissão digital de jogos da Premier League de cricket indiana; e Amazon e Twitter disputaram a compra dos direitos de transmissão de jogos da NFL.

Os conteúdos de desporto têm um papel estratégico para a Amazon. A ideia é que estes se tornem suficientemente atrativos para captar novos subscritores do programa Amazon Prime e compensar o dispendioso investimento nestes direitos de transmissão (conteúdos ligados ao desporto são a propriedade mais cara nos media).

A Amazon possui uma base de dados ímpar no que toca às intenções de compra dos seus clientes, o que, somado às preferências de visualização desportivas dos utilizadores, dará à gigante de e-commerce a capacidade de se dirigir a audiências únicas, impulsionando a venda de merchandise de um desporto em particular.

Com a aquisição deste conteúdos, os agregadores de conteúdos tornam-se numa verdadeira ameaça para os players tradicionais de TV, que têm os conteúdos de desporto como uma grande fonte audiência e receita e que é ainda um argumento face aos players digitais (OTT – Over the Top TV). Com a audiência da TV em direto a diminuir e a tendência de abandono dos pacotes pagos de TV (consequente maior adesão aos serviços de streaming), os direitos de transmissão de conteúdos desportivos têm sido a “tábua de salvação” de estações de TV norte-americanas para atenuar as mudanças no comportamento dos espectadores e manterem o seu valor para os anunciantes.

 

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