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A beleza de permanecermos principiantes num mundo de hábitos e rotinas

À nossa volta, nas nossas rotinas, nas nossas casas, há problemas invisíveis por toda a parte…

Segundo Tony Fadell, para os conseguirmos resolver, não podemos apenas vê-los, temos de senti-los. Isto é importante, não só no desenvolvimento de produtos e serviços inovadores, mas também em tudo o que fazemos na vida. Deixe-me, mais à frente, explicar-lhe a ideia…

Tony Fadell não precisa de apresentações. É conhecido por todos por ser o “pai” do iPod, o cocriador do iPhone e o fundador da Nest (comprada pela Google em 2014). Para além de tudo isto, hoje em dia, é uma das maiores inspirações do mundo para quem trabalha em inovação.

Nesta TED Talk, Fadell ilustra com inúmeros casos e histórias interessantes o processo mental de habituação inerente a qualquer ser humano.

Enquanto seres humanos, habituamo-nos com alguma facilidade às coisas quotidianas. Porquê? Porque o nosso cérebro tem uma capacidade limitada e, por essa razão, transforma as coisas do dia-a-dia num hábito, libertando espaço para aprender coisas novas.

O processo de habituação é uma das formas mais básicas de aprendizagem que utilizamos. Tem as suas vantagens em alguns momentos, como quando, por exemplo, começamos aprender a conduzir. Mas nem sempre é uma coisa boa, pois impede-nos de ver para além do óbvio, ou seja, de reparar nos problemas à nossa volta e de melhorar o que ainda tem espaço para ser melhorado. O trabalho dos designers, dos inovadores e dos empreendedores de sucesso está exatamente sobre essa linha ténue de reparar nas coisas à nossa volta que podiam funcionar melhor e ir mais longe para tentar resolvê-las.

Tony Fadell fala do seu tempo na Apple e relembra como Steve Jobs desafiava toda a equipa a olhar para os produtos da empresa com os olhos do cliente. Aos novos clientes, aqueles que têm medos, possivelmente frustrações e esperam euforicamente o seu novo produto tecnológico, Jobs chamava-lhes “principiantes perpétuos”. Ele queria que todos se concentrassem nos pequenos detalhes de modo a tornar a experiência e os produtos Apple mais rápidos, mais fluidos e mais intuitivos aos tais “principiantes perpétuos”. Conclusão, missão cumprida ✅.

Para terminar, Fadell deixa-nos três dicas e um desafio. Começo pelas dicas:

  1. Observe de forma mais ampla. Muitas vezes, há etapas que levam ao problema e etapas depois dele. Fadell sugere olhar de um forma ampla para toda a jornada, do começo ao fim, para identificar os problemas que precisam ser melhorados.
  2. Observe de perto. É essencial concentração e foco nos pequenos detalhes que fazem toda a diferença. Na Nest, Fadell passou meses a desenvolver o parafuso ideal para tornar a instalação doméstica o mais fácil possível. Embora tenha sido demorado, esse pequeno detalhe fez toda a diferença.
  3. Pense com um espírito jovem. Quanto mais estamos expostos a algo, mais nos acostumamos com esse algo. Contrariamente, as crianças e os jovens ainda não tiveram tempo para se habituarem às coisas. Quando enfrentam problemas, tentam resolvê-los imediatamente e algumas vezes encontram um caminho melhor.

Com estas dicas, Fadell motiva-nos a voltar ao princípio, sentir aquela frustração inicial, ver os ínfimos detalhes. Olhar com uma visão mais ampla, olhar mais de perto e pensar como os mais novos, para que possamos permanecer no mundo como principiantes.

Fadell lança ainda o desafio de, a cada dia, após acordar, perguntar-se: “Como posso sentir e experienciar o mundo de uma forma melhor?”.

✨ P.S.: Esta TED Talk é demasiado rica em exemplos e histórias reais para ficar por aqui… Se leu este Weekend até ao fim e ficou curioso, não a ignore.