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Revolução no imobiliário: Design de habitações para além das paredes

carolinepandraud

Artigo de Caroline Pandraud, Head of Experience Design na FABERNOVEL Paris

Com 13 anos de experiência no acompanhamento de empresas do setor imobiliário e na identificação de novas tendências no mercado, a FABERNOVEL tem vindo a apoiar a criação e o desenvolvimento de novos serviços. Como por exemplo a Bureaux à Partager, uma plataforma que estabelece a ligação entre os proprietários de espaços e empresas que procuram um escritório – ou apenas salas de reuniões – e freelancers que procurem espaços de co-working. Muito recentemente, nasceu também a Urban Campus que concebe e gere residências para co-habitação e cujo objetivo é realizar a ponte entre indivíduos que procurem partilhar casa. Uma realidade que já é iminente em cidades como Londres e Paris, nas quais as despesas com a habitação são bastante elevadas.

Aplicando uma abordagem centrada no utilizador e na sua experiência, temos vindo a solucionar diversos desafios junto dos nossos clientes. Em 2015, apoiámos a Nexity no desenvolvimento das primeiras casas conectadas e a Alstria na criação de um espaço de co-working on-demand.

De facto, hoje o setor imobiliário encontra-se em plena transformação. O digital tem um papel determinante na aceleração desta revolução, tendo desencadeado novos hábitos de habitação e promovido o surgimento de novos players no mercado.

A nossa missão centra-se no estabelecimento da ligação entre os agentes tradicionais e os novos players e utilizar as inovações digitais que permitam responder cada vez melhor às novas formas de habitar, concebendo, assim, novas formas de trabalhar e de construir em conjunto a cidade.

Responder às necessidades, inventando novos serviços

E se, nos próximos anos, assistíssemos à passagem de um modelo de propriedade para um modelo de acesso, “on-demand”? É inevitável, antevemos que as habitações vão tornar-se mais flexíveis e “sensíveis” à utilização que é feita pelos seus ocupantes. O WeWork, por exemplo, especialista em espaços de co-working nos Estados Unidos, possui uma oferta de valor que vai para além de um simples espaço de trabalho: oferece “um espaço soberbo, com acesso a Wi-Fi, café ilimitado e a oportunidade de conhecer uma comunidade de talentos“, fornecendo, assim, uma série de serviços adicionais de forma a enriquecer a experiência.

À varanda virada a Sul somam-se outros requisitos dos nómadas urbanos assentes em novos critérios relativos à habitação:

  • Maior conectividade, o alojamento deve ser mais inteligente e proporcionar maior conforto aos habitantes;
  • Mais serviços, oferece uma experiência completa de vida;
  • Multi-propósitos, ajusta-se às necessidades individuais, colectivas, da comunidade ou até mesmo profissionais;
  • Modular, adapta-se às necessidades e hábitos dos utilizadores;
  • Flexível, promove a partilha e a troca.

Imobiliário, do latim imomobilis, “que não pode ser movido”

Graças a várias iniciativas no mercado, o conceito de habitação está a libertar-se da condição de ser um espaço fixo e permanente, sendo, cada vez mais, “móvel”. A economia da partilha é o primeiro modelo a desafiar o conceito tradicional de habitação. Através de diferentes plataformas que possibilitam viver em espaços co-partilhados, como é o caso do Airbnb, os “convidados/hóspedes” sentem-se em casa graças à hospitalidade, mas também devido a uma cada vez maior uniformização das habitações, como explica o The Verge.

imobiliario

No entanto, o setor imobiliário está, gradualmente, a adotar outro modelo, a padronização da habitação, mas costumizável, especialmente para pessoas com carreiras profissionais internacionais. Estes nómadas têm uma conta de cliente válida em qualquer lugar e encontram os mesmos standards de experiência e os mesmos serviços nos vários apartamentos para onde se deslocam. O serviço de concierge e de co-working Zoku Loft, lançado em Junho de 2016, em Amesterdão, é um exemplo perfeito desta nova tendência e pretende expandir-se para 50 cidades até 2026.

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A última visão prospectiva do setor foi idealizada em Silicon Valley: Kasita é um prédio composto por nove cápsulas idênticas. Cada cápsula corresponde a um apartamento e pode ser transferida de cidade para cidade. O apartamento móvel foi inspirado na Torre Cápsula Nakagin construída em 1972 em Tóquio.

Home not alone: a geração mais nova cria novas formas de viver

As gerações mais novas privilegiam o estilo de vida das cidades, em vez da propriedade, e redefinem por completo as propostas urbanas.

Quem serão os primeiros a habitar estas cápsulas? Apostamos na geração mais nova! A ascensão de formas alternativas e inovadoras de viver, tais como o co-living ou arrendamento a curto prazo, têm sido largamente impulsionadas pelas gerações mais novas – populações familiarizadas com novas tecnologias e sensíveis a padrões de consumo colaborativo. Para os estudantes e os jovens ativos, que cada vez mais se deslocam geograficamente e profissionalmente, estes modos de habitação modulares, simplificados, que favorecem a utilização em detrimento da posse, adaptam-se aos seus estilos de vida. Estas habitações oferecem uma experiência única e de comunidade, ao contrário dos modos tradicionais de habitação (arrendamento a longo prazo, posse de uma casa) que se tornarão “pouco originais”, caros e rígidos.

Uma startup na cidade

Novos players estão agora envolvidos no desenvolvimento das cidades: desde logo os campeões do Digital, os GAFA, ávidos por fornecer novas infra-estruturas dedicadas à captação e processamento de dados.

Com a sua cultura de pensar novas utilizações e modelos – mesmo antes de pensar no mercado ou no retorno do investimento -, as startups são, frequentemente, as autoras de novos serviços.

Algumas delas são especializadas na (re)distribuição, na reorganização de edifícios, habitações, recursos com reduzida capacidade, em pequenas unidades. Podemos mencionar o WeWork no âmbito dos escritórios e o Airbnb no caso da habitação, mas também a BlaBlaCar e a Koolicar no caso dos automóveis: em suma, todos os players que colocam a cidade numa “plataforma”.

A habitação deve ser “responsiva”

Somente estes diferentes players possuem uma cultura de trabalho, diferentes temporalidades e métodos financeiros, que requerem novas formas de trabalhar arduamente para aliar estes dois mundos. Esta é a realidade a que assistimos nos projetos ligados ao imobiliário, para os quais foi solicitada a ajuda da FABERNOVEL INNOVATE para identificar e reconciliar parceiros. Tal verificou-se durante o apelo à submissão de projetos na Reinventer.Paris e no projeto “In Vivo”, cujo objetivo é reinventar os serviços de um complexo imobiliário, adicionando, aos espaços privados e áreas comuns, espaços terceiros, acessíveis aos moradores do quarteirão.

O desafio para a indústria do imobiliário? Integrar-se com o referido anteriormente, possuir um projeto de construção adaptado ao seu tempo – ou seja, uma década à frente!. Bem como projetos de construção responsivos, que adaptar-se-ão à rápida evolução de utilização ao longo do tempo; e uma infraestrutura “APIfiável” com o potencial de conectar-se a novos e múltiplos players.

O papel do promotor imobiliário será o de posicionar-se como um agregador destes novos serviços e de manter a sua qualidade. Recomendamos aos nossos clientes, que, frequentemente, são promotores, que se posicionem enquanto agregadores destes serviços. Ou seja, que sejam capazes de manter a qualidade do serviço e de perceber se este serve adequadamente as necessidades – por vezes, criando uma organização específica para este propósito.


Se a transformação na indústria do imobiliário é importante para a sua empresa, contacte a FABERNOVEL INNOVATE:

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