
Uber intensifica aposta na inteligência artificial
A Uber é exemplo de uma empresa que aproveitou a infraestrutura dos GAFA (Google, Apple, Facebook e Amazon) para alavancar o seu negócio. Mas, à medida que a empresa liderada por Travis Kalanick apresenta uma trajetória de crescimento a uma velocidade extremamente elevada e viral, está a tentar ganhar maior independência, nomeadamente da Google, na questão do mapeamento.
Tal justifica, em parte, a recente criação de um laboratório de inteligência artificial (dirigido pelo CEO da Geometric Intelligence Gary Marcus) e a aquisição da startup Geometric Intelligence. A Uber tem-se deparado com vários desafios no âmbito dos dados de localização, especialmente no serviço de carpooling, uma vez que é necessário reunir múltiplos passageiros e informar o condutor sobre a localização de potenciais interessados em apanhar boleia, de forma a colocar o maior número de utilizadores no carro. Quanto melhor a Uber conseguir fazê-lo, mais poderá reduzir os preços.
É possível que esta aquisição venha a permitir melhorias ao nível da tecnologia de mapeamento e servir de alavanca para um maior autonomia da Uber, que tem investido avultadas quantias para, lentamente, ir reduzindo a sua dependência do Waze e do Google Maps.
A última atualização da aplicação permite à Uber monitorizar a localização dos utilizadores mesmo quando a App não está a ser utilizada, de forma amelhorar a experiência do utilizador, sobretudo no que toca à localização e horários para apanhar passageiros, sendo esta também uma forma de melhorar a tecnologia de mapeamento.
Impulso aos carros autoguiados
A Geometric Intelligence ajudará também a impulsionar os objetivos da empresa na construção de carros autoguiados, nomeadamente a analisar quantidades massivas de dados recolhidos durante as viagens. Este representa um pé no acelerador dos seus planos para aperfeiçoar uma solução de inteligência artificial específica para veículos autónomos.
A Uber deu um passo bastante significativo ao estabelecer uma joint venture (de 300 milhões de dólares), com a Volvo para o co-desenvolvimento deste tipo de veículos que serão usados como táxis ou vendidos a consumidores. Também a compra da Otto, por 680 milhões de dólares, tem em vista aproveitar a tecnologia que esta startup desenvolveu para camiões auto-guiados.
Ao ter-se movimentado neste sentido, a empresa ficou numa boa posição para conseguir dados muito valiosos que outras empresas não possuem: a Uber faz milhões de quilómetros e vai aproveitar os dados que os motoristas estão a recolher para, de certa forma, treinar os robôs que controlam os carros autoguiados.
Estará a Uber à altura para competir com Apple, Google, Facebook ou Amazon no âmbito da inteligência artificial? A Uber tem alguns desafios, como o facto de muitos dos seus engenheiros estarem a trabalhar exclusivamente no desenvolvimento de carros autoguiados. No entanto, a empresa tem colocado na sua agenda projetos promissores, como o desenvolvimento de carros voadores, que potencialmente vão aumentar o seu poder no campo da engenharia.