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Os “casamentos” nas TMT

As grandes inovações nas TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação têm forçado os Media a grandes alterações de paradigmas na gestão e a movimentos de concentração (horizontal e vertical) nas indústrias das TMT (Tecnologias, Media e Telecomunicações).

Neste cruzamento entre empresas e mercados (TMT), os Media são e vão continuar a ser os “Reis”. A dúvida que existe é se, em caso de aquisição ou fusão com uma empresa de telecomunicações ou de tecnologia, pode ser um “casamento de sonho” ou um “pesadelo”.

AOL-TIME-WarnerAquele que foi, até hoje, o maior “casamento” entre Bricks and Clicks (Tijolos e Cliques – indústria tradicional com indústria Tecnológica e Telecomunicações), ocorreu em Janeiro de 2000, com a compra e fusão entre a AOL (America On Line) – uma empresa Tecnológica e de Telecomunicações (ISP – Internet Service Provider) – e o gigante dos Media a Time Warner (CNN, Sports Ilustrated, WarnerBros, etc.), da qual resultou a empresa AOL-TimeWarner.

No passado mês de Maio (nove anos depois da fusão), foi anunciado o spin-off da AOL, justificado pela actividade da AOL (maioritariamente a gestão de sites e a publicidade on-line) estar a prejudicar os resultados e a performance da cotação das acções.

Várias circunstâncias contribuíram para esta “desagregação”: a “bolha da Internet” (em 2000), o aparecimento de novos players e a crise que hoje vivemos, forçando as empresas a focar-se em algumas áreas de negócio (separando ou vendendo parte das suas operações).
É por isso, difícil de identificar, o que contribuiu ou o que mais contribuiu para o “fracasso” desta fusão. Se foram falhas de gestão, problemas na integração em áreas convergentes ou contingências adversas de mercado.

Outro caso, desta vez de sucesso, é o da participação da GE (General Electric) na NBC Universal. A multinacional com um conglomerado de negócios distintos, tem conseguido assegurar uma boa gestão na área dos Media e Entretenimento.

Independentemente do sucesso ou do fracasso de alguns “casamentos”, vamos continuar a assistir a movimentos de concentração nas TMT. Principalmente com as Telecom a procurarem ter uma oferta de conteúdos para se diferenciarem nas suas ofertas.

O que ninguém pode esquecer é que o negócio dos Media é um negócio de capital humano intensivo, onde é necessária uma grande sensibilidade para a gestão de talento e para as especificidades da operação, que actualmente são mais complexas de gerir pelas mudanças de paradigma.

Nuno Ribeiro

Nota: Artigo publicado no jornal Meios & Publicidade de 24/07/2009

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  1. Acho que tocou num ponto fundamental – o negócio dos media é muito particular. Não é um negócio como os outros. É cheio de complexidades. É preciso estar permanentemente a criar e a interagir com o consumidor final – que não é um consumidor homogéneo, mas vários, com características e gostos distintos. Para além disso, neste momento é um negócio com muitas incógnitas criadas pela digitalização. Talvez por isso, aliar os media às tecnologias de informação – alegadamente um negócio infalível, não parece ter dados os resultados que se esperavam – ou temiam (pelas autoridades da concorrência). Eu pessoalmente não acredito na fusão dos dois negócios – mas enfim, é uma crença como outra qualquer. Também não acredito no fim do livro e acho que o futuro do negócio dos media passa pela especialização, a procura de nichos de mercado. Penso também que estes mercados vão ser despoletados pelo chamado “user generated content” (conteúdo gerado pelos utilizadores).

  2. Obrigado pela informação Nuno!:)

    Parece-me lógico que as empresas de telecomunicações procurem estratégias de fusão empresarial (“joint venturing”) com outras empresas ligadas às Tecnologias Media. São áreas de negócio distintas, mas que nos dias de hoje necessitam de se complementarem e de actuarem em parceria. As Telecom necessitam de criar e oferecer conteúdos inovadores de base criativa e tecnológica forte e interactivos. Assim, vejo com bons olhos a criação de TMTs. Mas como em todos os domínios da inovação, é necessário um bom planeamento, delineação de estratégias eficazes e recursos humanos altamente qualificados.

    Jorge