
Os desafios dos Media: Entre a ficção e a realidade
Artigo de Nuno Ribeiro, Portugal Country Manager da FABERNOVEL
O newsfeed do Facebook é, hoje, a home page informativa de uma grande maioria de pessoas, ocupando um espaço que no passado pertencia aos media. E como consequência óbvia, o Facebook passou a ser para muitos Media em todo o mundo a principal origem do tráfego. O recém anúncio de mais uma alteração do algoritmo Facebookiano (dando prioridade aos posts dos amigos e baixando a relevância dos Media – como tem vindo a acontecer com as marcas), deixou alguns grupos de Media em sobressalto. E assim, o “amigo” passa a “inimigo”.
Mas, o Facebook “responde” com um aparente “bónus”, com o objetivo de aumentar o envolvimento à sua plataforma de messaging e ao desenvolvimento de Bots “empurrou” os Media a transferirem para o Messenger os Instant Articles, com a publicidade associada… “Gato escaldado de água fria tem medo”, e por isso, muitos gestores de media ainda estão na dúvida se esta proposta é um “presente” ou uma “armadilha”!?. Esta dúvida surge, porque ainda há um enorme desconhecimento sobre o digital na indústria dos Media. Já não dúvida que é possível criar valor, há pois a Google e o Facebook mostram que é possível captar milhares de milhões de euros em publicidade, a dúvida é porque é que os media não o estão a fazer da mesma forma? A resposta é: Porque os gestores nos Media ainda têm um enorme desconhecimento sobre este meio, por uma falta de investimento sobretudo em conhecimento nesta área (a solução não passa pelo investimento em tecnologia nem conhecimento em tecnologia, ao contrário do que muitos julgam)…
Exemplo, disso é a proposta do grupo de Rupert Murdoch, News Corp que propôs a união dos Media para a criação de plataformas alternativas com o objetivo de combater o Facebook. Um movimento demasiado arriscado pela baixa probabilidade de sucesso, hoje o Facebook tem uma posição e uma dimensão com a qual se torna difícil de competir no seu “terreno”, aliás, se há grupo de Media que devia saber disso é a Newscorp que em 2005 adquiriu o MySpace por 580 milhões de dólares e vendeu em 2011 por apenas 35 milhões de dólares e mais tarde tentou competir com o Linkedin através do seu jornal Wall Street Journal com o WSJ Profile que teve pouca adesão e acabou por fechar poucos meses depois.
O conteúdo continuará a ser Rei na Era Digital, quem também partilha desta opinião é Maurice Levy (CEO da Publicis) e Tim Armstrong (CEO AOL), que referiram isso mesmo na Sun Valley Conference deste ano.
E se dúvidas houvesse de que os conteúdos são essenciais para o modelo de negócio das tecnológicas, a Apple criou no ano passado uma estação de rádio a Beats 1 e prepara-se para o desenvolver conteúdos de TV , possivelmente para distribuir em exclusivo na Apple TV … sim, querem mesmo toda a cadeia de valor: dispositivos (iPhone, iPad, Apple TV,…), conteúdos (direitos), plataformas de distribuição (iTunes) e publicidade. o que tornará cada vez mais difícil às empresas de media que não alarguem e diversifiquem os seus modelos de negócio. E no caso da Apple e da Google, vale a pena recordar a aposta noutras áreas que terão impacto direto nos Media: Carros autoguiados (sim, vamos consumir conteúdos multimédia durante a viagem), sistemas operativos para casas inteligentes (onde também iremos consumir conteúdos… altamente personalizados, com a realidade virtual e realidade aumentada a ganharem espaço) e wearables (que saberão como reagimos ao conteúdo, não com nenhum botão de “like” mas com o batimento cardíaco). Sim, o Cavalo de Tróia foi uma brincadeira de meninos! 🙂
E quando os conteúdos de ficção invadem a realidade? Isso já começou, não só o Pokémon que entra em nossa casa ou no escritório mas o personagem Frank Underwood – Presidente dos Estados Unidos na série House of Cards da Netflix, depois de ter provocado o ex-primeiro ministro britânico David Cameron por causa do Panama Papers, no Twitter, deu agora um conselho à nova primeira ministra britânica, Theresa May.
A word of advice, @theresa_may. Take a few moments for yourself first. pic.twitter.com/IYyx68aPwa
— House of Cards (@HouseofCards) July 13, 2016
Jeff Bezos fundador da Amazon e da Blue Origin, e mais recentemente investidor em Media através do Business Insider e Washington Post, vai estrear-se como ator no próximo Star Trek onde vai interpretar o papel de “Starfleet Official”. Aqui fica o trailer do Star Trek – Beyond:
Votos de uma semana com muitos conteúdos 🙂
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